A fotografia foi inventada na década de 20 e vem sendo utilizada para registros pessoais, assim como para formalização de documentos e registros históricos. Muitos pesquisadores e a sociedade como o todo, a reconhecem como fonte primária de informação – é essencial compreender o passado e contextos que influenciam o presente.
A imagem parte do olhar de quem a reproduz, os sujeitos são
envolvidos em seus contextos sociais, seus valores, suas concepções
de interpretação da realidade. Ao passar a mensagem pelo documento
– foto que dispõem a sua maneira, evidenciam-se as subjetividades
dos indivíduos e a totalidade presente. São produzidas a partir de um lugar social, um contexto histórico, dentro de uma leitura cultural de quem planeja as imagens. Os cuidados metodológicos são para termos uma interpretação sob essas premissas, ou seja, um olhar crítico que dê significado as múltiplas mensagens a serem exploradas.
Por isso, ela é uma fragmento da realidade, pode ter um cenário
artificialmente construído e diz muito sobre quem a constitui. Ela
tem um espaço sociotemporal definido que evidencia as questões
culturais, políticas, étnicas, etc. Compreende-se como um documento - um objeto para gerar
conhecimento e trazer reflexões sobre pessoas, lugares e momentos
históricos. É também objeto de disputa de poder, sob a apropriação
da interpretação do outro sob uma narrativa que é colocada em
evidência. Não há um receptor passivo de informações, contudo,
há construções sociais hegemônicas formadas no dia dia.
A
“educação do olhar” sugerida pelo artigo de Reznik, 2007 busca interpretar
o processo de identificação do Dr. Luiz Palmer com suas escolhas
fotográficas, evidenciar as peculiaridades da sociedade em que
estava inserido e seus valores expostos dentro daquela historiografia
- sem vulgares simplificações. As imagens seriam documentos
históricos que projetam sentidos e percepções singulares daqueles
sujeitos: dos que tiram as fotos e também dos que as interpretam.
Não se pode ignorar a bagagem sociocultural dos sujeitos que tem
interlocução com as imagens, esse erro faz com que subestimamos o
poder de síntese e assimilação singulares das pessoas.
Com essa reflexão, penso que os
objetivos de nosso trabalho em Ilha de Maré a partir de ensaios
fotográficos são de compreender o significado de Risco em Saúde
para aquela comunidade. Os mesmos irão produzir as imagens e revelar
seu cotidiano contraditório de enfrentamento às adversidades da
natureza, aos perigos dos poluentes, e de tudo que considerem belo ou
que os inquietem e queiram que seja exposto e denunciado.
Outro
objetivo da nossa futura exposição fotográfica é de propiciar o
diálogo das necessidades sociais da comunidade de Bananeiras/Ilha de
Maré e as demandas da Universidade. Esses encontros/trocas podem
provocar novas oportunidades de aprendizados mútuos – acumular
para a conexão do ensino pesquisa e extensão em razão da função
social da Universidade.
REZNIK,
Luís; ARAÚJO, Marcelo da Silva. Imagens constituindo narrativas:
fotografia, saúde coletiva e construção da memória na escrita da
história local. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de
Janeiro, v.14, n.3, p.1013-1036, jul.-set. 2007. Disponível
em http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v14n3/16.pdf
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