terça-feira, 21 de março de 2017

A fotografia

A fotografia foi inventada na década de 20 e vem sendo utilizada para registros pessoais, assim como para formalização de documentos e registros históricos. Muitos pesquisadores e a sociedade como o todo, a reconhecem como fonte primária de informação – é essencial compreender o passado e contextos que influenciam o presente.
A imagem parte do olhar de quem a reproduz, os sujeitos são envolvidos em seus contextos sociais, seus valores, suas concepções de interpretação da realidade. Ao passar a mensagem pelo documento – foto que dispõem a sua maneira, evidenciam-se as subjetividades dos indivíduos e a totalidade presente. São produzidas a partir de um lugar social, um contexto histórico, dentro de uma leitura cultural de quem planeja as imagens. Os cuidados metodológicos são para termos uma interpretação sob essas premissas, ou seja, um olhar crítico que dê significado as múltiplas mensagens a serem exploradas.
Por isso, ela é uma fragmento da realidade, pode ter um cenário artificialmente construído e diz muito sobre quem a constitui. Ela tem um espaço sociotemporal definido que evidencia as questões culturais, políticas, étnicas, etc. Compreende-se como um documento - um objeto para gerar conhecimento e trazer reflexões sobre pessoas, lugares e momentos históricos. É também objeto de disputa de poder, sob a apropriação da interpretação do outro sob uma narrativa que é colocada em evidência. Não há um receptor passivo de informações, contudo, há construções sociais hegemônicas formadas no dia dia.
A “educação do olhar” sugerida pelo artigo de Reznik, 2007 busca interpretar o processo de identificação do Dr. Luiz Palmer com suas escolhas fotográficas, evidenciar as peculiaridades da sociedade em que estava inserido e seus valores expostos dentro daquela historiografia - sem vulgares simplificações. As imagens seriam documentos históricos que projetam sentidos e percepções singulares daqueles sujeitos: dos que tiram as fotos e também dos que as interpretam. Não se pode ignorar a bagagem sociocultural dos sujeitos que tem interlocução com as imagens, esse erro faz com que subestimamos o poder de síntese e assimilação singulares das pessoas.
Com essa reflexão, penso que os objetivos de nosso trabalho em Ilha de Maré a partir de ensaios fotográficos são de compreender o significado de Risco em Saúde para aquela comunidade. Os mesmos irão produzir as imagens e revelar seu cotidiano contraditório de enfrentamento às adversidades da natureza, aos perigos dos poluentes, e de tudo que considerem belo ou que os inquietem e queiram que seja exposto e denunciado.
Outro objetivo da nossa futura exposição fotográfica é de propiciar o diálogo das necessidades sociais da comunidade de Bananeiras/Ilha de Maré e as demandas da Universidade. Esses encontros/trocas podem provocar novas oportunidades de aprendizados mútuos – acumular para a conexão do ensino pesquisa e extensão em razão da função social da Universidade.

REZNIK, Luís; ARAÚJO, Marcelo da Silva. Imagens constituindo narrativas: fotografia, saúde coletiva e construção da memória na escrita da história local. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.14, n.3, p.1013-1036, jul.-set. 2007. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v14n3/16.pdf 

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